15 novembro 2011

Desilusão

Naquela noite ela deitou-se com a Desilusão sentada aos pés da cama e sentiu-a a esfriar-lhe os pés, a pele começou a rasgar, o corpo contorcia-se ao ritmo da dor e os olhos encheram-se de lágrimas enquanto a voz soltava a expressão da tristeza. Encostou-se à Desilusão e chorou, deixou-se atordoar por ela e adormeceu. De manhã não era a mesma, a cara desfigurada da tristeza era visível, a quem a conhecia bem essa tristeza reconhecia-se ao longe.

"Não fiques assim, não tens motivos para isso. Levanta a cabeça, recupera o teu rasgado sorriso e mostra à vida quem és." - disse-lhe a Razão.

 Chegou a casa já cansada, enquanto pousava a mala chamou pela Coragem mas ela ainda não tinha chegado. Abriu a porta do quarto levemente para ver se a Desilusão ainda estava lá, e estava. Sentada novamente aos pés da cama arrastou-a com ela e não a deixou fazer mais nada se não atordoa-la e adormece-la mais uma noite no seu regaço.


Sem comentários: